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A condenação do condenado


A condenação do condenado
Pedro Moreira Nt


Há uma condenação histórica que realiza a existência do condenado.

Não se trata da vida cruel, do puro mau, contra um mal fortuito em que o bem é a manifesta existência do mal. 
Um bem social é o seu próprio mal, nesse caso.
Ser um mafioso, canalha, corrupto faz parte deste bem. 
O bem, como disse antes, o mal.
O mau  pode ser entendido como coragem. O cínico transformado no indiferente equivale à condição do mal. Esse bem que repele a todos, e por isso une no mesmo substrato aquoso da vida para a desgraça alheia. 
E o bom, o significado do mau. Essa é a bondade que necessita da morte do outro como prêmio. Ninguém salva os mortos. Todos salvam a si mesmos.
O bom, o representante moral/ético da sociedade, ubiquado de uma vez só no herói. Um herói que pode ser completamente um covarde e mentiroso. 
Ele sobrevive por algumas vantagens, interesses, ganhos, lucros, ao receber o apoio social.
Antigamente, pode-se saber, os rufiões – os caras que gostavam de briga. Bem, eles ao menos usavam algo que os identificava. Alguém os visse em direção sabia de quem se tratavam. E assim com os larápios. Uns sujeitos que tiravam os meles dos lares.
 Devia ser tempo de falta de açúcar. 
Os encanecidos também eram sabidos, porque se reconhecia neles a figura de cães que, na adulação diária, escondiam os dentes ou sorriam caninos de seus covis. Também se lembra bem dos desalmados, eram seres que perderam a seriedade, eram apenas seriais provenientes do ostracismo, aqueles que foram soldados - um de trás de outros em marchas lentas e que abandonaram suas fardas. 
Os mais nos perdem da memória seriam os proscritos, os expulsos, renegados e esconjurados, a esses expatriados, foram banidos diferem bem dos tredos, os que traem – que a esses se tem a infortuna de não conhecerem valores já que de per si se valem, e se dão conta na perempção de suas arrogâncias individualistas. Pessoas assim grassam, são rizomáticos e unidos na mesma territorialidade egóica, de serem auto-suficientes, enlouquecidos de ignorância. 

Agora, vamos lá, os trapaceiros, os chamados pérfidos, desleais são antinomias dos traidores, porque usar de trapas, engenharias para subverter interesses não são exatamente tais quais. Nesse caso, diferente daqueles, são aleivosos – parece escorrer da boca uma baba fina, os olhos perscrutam como se adiantassem aos ouvidos um entendimento de oportunidade aguardada. O sujeito malandro – homem mal – carrega com isso o que se lhe representa. 

Os desleais já estão em conta daquilo que não seguem a lei. E não uma só das normativas, mas daquelas da vivência comunitária. A mais difícil. A ordem subleva-se de uma vez por todas sobre. Não subsiste o afano, furto em estruturas muito cuidadas à toda variedade de pés-de-pano, espertos em surrupiar,  mãos-leves que são catadores do alheio no pequeno rescaldo. 
Esses que irritantes por serem da presença a menos valia escrita na sua debilidade humana são gente de canto, dos sombreados, cujo final é contrariamente ao que se diz, querem a punição deslavada do que fazem, como se maneira de superar a pequenez do ato fosse reconhecidos como aqueles que. Esconde nisso covardia à aparecência, ao surgimento de que se é e se pudesse dar por conta. 
Parece também, e no mesmo sentido de na surpresa tão abrupta possível que se lhes ocorresse fossem purgados. Haveria, por assim, a catarse, jeito de nirvana, ascensão na apresentação da própria miserabilidade fugidia. 
Covardia de ser entre escondida na galhofa de tomar. A risada do cão. O ladrão não.
Esse deita o rio se ninguém fechar a comporta. Ma é um assunto mais calculado, não na agilidade somente do furtivo, mas na relação com a coisa e sua posse, um ter que é desmantelado fora, feito a dinheiro. A mercadoria é sua faina, como se colhesse. Tivesse plantado e viesse buscar a feira.
O pequeno ladrão é o mesmo no superlativo. Tem definição do espaço de entrada e saída. No latrocínio está possuído, não por descoberta, mas ao crime, a invídia que carrega na arma e na ação criminosa assassina. Como todos sabem, a palavra assassino é surgida no Marco Polo, e em Sherazade. Confundida, a etimologia do haxixe cerca o assassino. 
O soldado não é assassino – mas mata. O que teme, nem sempre é covarde porque na covardia o temor faz a ação, não o medo. Diferente acontece com o temor dos que estão em uma posição de força, de poder. Daí sim, surge o temerário que é o medroso e o assassino casados que atentam contra a vida.
O pirata, por exemplo, como mesmo diz, é um louco de fragata, percorre os mares nas distancia de quem em terra não os vê – nem religiões, comunidades, leis, ordens, prescrições, exigências, normas, nada os alcança. Daí pode piratear, se passar nos direitos. 
O pirata age como queira - a sua trupe de flibusteiros. Os que carregam as armas. São mais interessantes os bocaneros e corsários. O primeiros vêm da Escócia, da Irlanda contra as exigências régias da velha Inglaterra de levar o que quer que seja de bens e penhora à coroa. Os corsários, como corsa, são realmente violentos, e, em certa medida, o alento estético do reino. O terror dos mares cumprem a pilhagem em contraste à etiqueta do poder. 
Mas isso, não se importando o tempo, mas o espaço indefinido, no nada, o lugar de ninguém, o mar distante não controlado, e entre céu e terra é ainda, por dizer que sempre o desolador e desalentador mapa do crime. 
A máscara do ladrão foi aposentada. Ninguém mais pode usá-la no civilismo. No militarismo a farda espelhava a regra, mais difícil de se tirar a pele. Na unidade civil entorno da proposta republicana a diferença é revertida em uma igualdade de lei, na diferença da interpretação, e na subsunção do controle, de cidadania fardada na obrigatoriedade. Direito não existente, mas de dever conhecido. 
O direito propriamente é a presença de dever integrado. A manifestação na rua é permitida contra os que não têm máscaras. A corrupção não precisa de máscara porque faria perder o sentido da tradição do ladrão, daquele que ousando a ser reconhecido pudesse ser pego. Na extorsão feita em conluio a defesa cala. 
Não há condenação quando estão todos na prisão e falam dela. Assim, entende-se das categorias do ataque, a perda de sentido na inversão de máscaras porque o corrupto não poderia usá-la por natureza do roubo, e o povo, em sua tentativa não poderia ser conhecido nessa inversão para que não se reconheça aquele que deseja exterminar com o bandido. Esse sobrevive, portanto, desmascarando o povo que ousa protestar, manifestar contra a sua própria situação de condenado.
Há então uma condenado, ao menos parcial, de ser o que se é, ou que se acredite ser. Sem contar, a contraposição de ser e ter. Ter a condenação implica em ser condenado como o atributo de uma ética dividida nessa dualidade. De qualquer forma um modo quantitativo que não suporta ao mesmo nível por se tratarem de categorias contrapostas, em qualidade.
A qualidade não é estanque, está dependente da educação/formação/conhecimento. A qualidade esconde, com mais dinâmica a quantidade do que seja puramente acumulativo.
Assim a etiqueta esconde a quantidade, e a qualidade da decisão ética. De um lado, ao se pensar em pureza das formas, tanto quantidade quanto qualidade são co-dependentes e, de outro condenação que resulta no condenado pode ter uma longa jornada, no entanto sem perder a dualidade. Mesmo que tenha a melhor e mais profunda estrutura de saberes e conhecimentos, a realidade vivida, a experiência construída n laboratório da praxis se mantém. 
A condenação faz com que se estabeleça alguma evidência do condenado. E pode determinar um valor moral, e uma ética decisória que compromete-se com um bem pessoal e, que, no entanto, o mantém preso, afivelado às suas intenções absurdas de liberdade.
O fim, o estado, de qualquer estado é a derrocada do bem/mal e do bom/mau para a construção de um novo estado de coisas.

orcid.org/0000-0003-3035-6887

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