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Mãos que pensam.

Mãos que pensam
Pedro Moreira Nt
Mãos ao alto agora.
Não posso, estou assistindo televisão.
Quer levar um tiro?
Cara, dá um tempo.
Estou avisando.
Vai pegando o que quiser aí e me deixa ver o jornal nacional socialista.
Que é isso?
Cala a boca, ladrãozinho de merda.
Mas, mas .... (É o silêncio que percorreu da rua até a sala e chegou na cozinha).
Temendo perder a profissão de bandido ele volta-se para o cachorro na sala.
Não ouviu o que eu disse: vai pegando o que desejar aí, daqui não saio e nem ergo as mãos.
Mas é um assalto. Eu sou assaltante, posso dar tiro, matar todo mundo aqui, entende, seu vaco.
Quieto.
No silencio, o temeroso ladrão treme. E ao tremer sacoleja a arma que nem dele é, coisa emprestada de um americano de férias em Copacabana, perto do morro do cristo, chegado em Morretes faz uns dias para escrever o que se deu com a estrada de ferro e tal.
Arma que se mexe, espectador que morre ante a insistencia do bandido.
Sabia disso, o cara morreu de TV.
De me ver?
De televisão.
Que tamanho.
Uma que cabe na frente de dois olhos e duas orelhas.
E morreu?
Morreu porque não quis erguer as mãos.
Quem morreu?
Nós, idiota.
Nós? Tá louco, estou vivo.
Nós espectadores.
Só se você tiver morto.
É uma metáfora.
Não me venha com esse papo insano.
Mas mataram a TV do cara e ele junto.
E então, que triste né.
Já imaginou se levam a sua, a minha, a de todos nós?
Se matam um de nossa turma também morremos juntos.
Não é isso?
O quê?
Ninguém fala nada.
Do quê?

Nada se fala do assassinato.
Mas foi só um. Unzinho de nada.
É.
E saber que o controle remoto caiu da mão dele que ficou pendurada no ar.
No ar.
Modo de dizer. Muda de canal.
Agora?
Depois dos comerciais.




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