Permissão concedida
Pedro Moreira Nt
Como chegar em casa depois do negócio? Depende do senso do acordo. Acordar se faz no mesmo, bater de coração. Acorde, portanto. Desperte o sensível, não o mesmo dos ditadores, aquele que amava a arte como se ama um objeto de uso com função definida. Assim, ser para.
Para alguma coisa, e como coisa alguma serve. Funciona. E é só ligar; o ter que dá certo.
Empreender tem como sentido uma permissão de alguma nação, para que o sujeito que vive nesse lugar, em um território de convivência, possua, por assim dizer, identidade.
Não que tenha alguma razão de ser com a realidade em que vive, a vido de entorno existencial, mas que seja identificado. Aquele ali. Olha, lá está ele, o cara. Um cara diferente de um sujeito protegido pela burocracia que o rifle dos olhos não atinge. Não é também esse feixe de leis definidas para a sua funcionalidade. Nem mesmo como controle, controlador, ou o que.
O empreendedor parece assim, algo inédito ao estado limite da vida social, como que se submete às exigências técnicas ao aceitar o direito de viver naquele espaço. Não se trata ainda de reconhecimento cultural e de compreensão disso, nada disso, ainda.
A permissão dada a tal nação ou território de construção empreendedora com a concessão de ser empreendedor não é para que ele escravize os demais. Não é.
Ele possui uma espécie de carteirinha que paga para realizar o seu empreendimento. Uma contrapartida à população que por vias diretas e pelo filtro estatal, isto é, de forma indireta lhe permite então, fazer o que faz. Mas apenas o que faz.
A origem da palavra fazer faz entender que muitos são feitos da obra que realizam.
O empreendedor, por isso, tem então certo direito de realizações, ele se põe a serviço de, afortunadamente, a devolver a sua pratica ao beneficio social, e, ao mesmo tempo, de prover-se com tal atividade.
Assim, em se pensando na coisa publica, a que determina essa possibilidade, o empreendedorismo se faz dentro dessa obrigatoriedade condescendente da permissão, ou seja, de realizar na objetividade, as vontades mais recônditas, as mais desejadas, os interesses mais mesquinhos, os mais baixos, daquela vileza que sutilmente ri, elas todas tão pensadas para um fim tão claro.
Claro, o bem público. Mais que claro, o desenvolvimento do lugar que lhe deu a permissão de assumir grande responsabilidade, de movimentar o capital, de estabelecer-se na praça de seus negócios, devolvendo ao bem social publico, o seu próprio crescimento, o fortalecimento de novos crescimentos que alimentarão essa sociedade onde esta ele instalado, legalizado, e constituído.
Por isso não e fácil de ser. Mais fácil ter. Não é mesmo nada fácil ser empreendedor, organizar-se e realizar o seu investimento, o comércio, o negócio que industriou com tanta determinação.
Em razão disso, quando chega em casa, ao dever cumprido, bem naquele horário de retorno, ele se percebe como alguém importante que corresponde ao local, aos modos de vida e as expressões daquela população que o reconhece, e o vê ali, e pode dizer: Oi Zé, oi. Até se pode dizer que ele, devido aos seus esforços, no valoroso intento empreendedor ainda consequências seguir, cumprir o contrato mutual da ordem, a permissão de ser, seja.
Não precisa saber ler, nem o hino da nação necessita conhecer, nem mesmo, pode ter um valor moral.
Porém, tem uma única e pequena, ridícula obrigação, um dever devido. De ser ético, isto é, de reconhecer no outro o que representa enquanto possibilidade. Fora isso pode ser um glutão, um mal-educado e grosseiro, um idiota público, uma besta-fera, um parvo cretino e boçal, pedante e mais arrogante, pode ser um turrão, vaidoso, exibido, equilibrado em sua ignorância de tudo.
Assim, um empreendedor é um sujeito que recebeu a permissão de enriquecer a si mesmo, de garantir o bem e sobrevivência do outro. Esse é secundário, pertence ao que chamam hoje, e de forma tola, de colaborador, ele que sempre foi apenas empregado, funcionário.
O empreendedor comprova em sua ação que o outro também pertence ao seu mundo podendo a vir a ser empreendedor tanto quanto evidente, quanto ele.
Vemos apenas um espelhamento, o primeiro empreendedor a ser exemplo dos que vierem a ser. Mais duro, mais autoritário, mais egoísta, um mais em tudo que o faz crer que a família é o povo todo, diminuto do qual ele cuida, alimenta. Por isso, se diz, e por extensão que a empresa é a nossa família.
Com exceção de empreendedores que patrocinam cultura e não se mostram nem um pouquinho interessado em gente geradora de criatividade, e de pessoas que trazem consigo o sentido de movimento, pretendem apenas realizar negócio, se diz que desejam, em algum futuro, algo como acreditar no pais ao invés de acreditar nas políticas para o país ou para o empreendedorismo. Um modo de manter o negócio empreendido.
Com apoio cultural querem dizer que não estão ai no mercado para explorar, no sentido mais frágil de tomar, de usurpar, e sim, que realizam com seriedade, e muita dificuldade o seu empreendimento e promovem sim a cultura, a arte e mantêm viva a chama criadora do artista. Tirando esses tantos, que não são poucos, faz-se necessário pensar sobre o processo de patrocinar a criação artística.
O empreendedorismo que cria um banco de apostas da isenção fiscal exigindo algo modal, com vários encaixes, burocracia variada, seguindo interesses, acompanhando posicionamento de escolhas do que mais lhe dá resposta de marketing. Nesse sentido não, e de forma alguma significa empreender. Motivo porque, para empreender não se pode utilizar de um projeto de isenção, de recusa fiscal de governo e se favorecer com isso.
Não e patrocínio, é uma aposta de interesses com dinheiro levado, em considerar a arte algo que se empenha por sua visibilidade, fama, e demais status motivacionais de seu empreendimento. A se valer, e ainda com resultado de vantagem, de aproveitar e não de um projeto futuro, de validar a realização de investimentos por mérito monetário, e de acreditar que a praça de negocio dele, é ele, o empreendedor que constrói.
Qual arte ou qual seja o que passa pela cabeça administradora de negócio, diz que deve ser algo que já funcionou em outro lugar, algo que já tem resposta pública na ponta da língua, algo que carregue alguma personalidade famosa, que seja um cópia, mesmo que full reaper - que foi tirado tudo, furrepa da original, produza um mesmo senso comum. O empreendedor apostou no melhor, ele tentou, e é a sua contrapartida social.
Em dois minutos ele monta uma fundação de apoio, e é capaz de se apropriar dos bens culturais sociais, do patrimônio artístico porque ele, o empreendedor está ajudando esse pobre coitado, o Estado a se livrar do pepino, do abacaxi que é, essa coisa sem porquê, a arte, a cultura.
Fica na mão dessa gente analógica comparativa, como um empreendimento a mais, com duplo resultado. Frear a manifestação cultural e garantir respostas públicas.
O empreendedor faz. Como dissemos, ele faz tudo. Inclusive cuida da mendicância social da criatividade, coisa extrema, perigosa, anárquica.
Não é negocio imediato, de ganhos e ganancias de aparências, de exibição da empresa, de aparecer no filme, como um sujeito que se torna criminoso para parecer no jornal de graça. É um crime, as um crime de sangue transparente, não se percebe. Merchandising, jogos de interesse.
No sentido mais exato, ser um patrocinador revela-se na autoridade que oportuniza, e porque sabe que vale a pena, dá para tirar vantagem, faz da arte a sua nova colaboradora. E porque é um empreendedor bom porque sente. Um sentir, mais que caminhar por entre as gentes, de saber-se como quem abre caminho ao filho contente; não o seu, mas da nação, do pais.
A imaginar que pensa em um projeto de crescimento humano sensível, da qual, naturalmente, devido a sua capacidade de percepção, de sua competência treinada, de sua ilimitada visão empreendedora que é dada coo criativa, simplesmente investe.
Não dá pra ser uma fundação com dinheiro de recusa fiscal, por exemplo. Nem dá para ser patrocinador se não empreende, se não possui o buscar em conjunto, de manter a responsabilidade. Manter o negócio. Coisa que foi ponderada, posta na balança de justiça, no sentido de possibilitar o desenvolvimento de um seguimento de arte e cultura.
Quando o layout é maior que o sentido da arte o patrocínio foi embora.
A gente pode ver isso nos patrocínios que são ilustrados com layout e slogans, como que, de alguma forma fosse um presente a marca. Uma concessão, uma oferta ou uma venda casada. Quando não é o que devia não ser. Trata-se apenas da confirmação do que passou os primórdios do cinema no pais, de pertencer a obra, e de mostrar que fizeram a sua aposta.
Depõe contra qualquer esforço de realização artística com tanta sociedade associada. O jogo empresarial para o investimento, de forma mais clara, aliás com o beneficio dado pelo artista e produtor na isenção fiscal; devia se esconder ao invés de aparecer. A arte, e boa parte das pessoas que pensam em lucro enquanto lucro. torna-se uma mercadoria de seu comércio empreendedor. Mas o lucrar, em uma visão futura, somente alguns empreendedores, que sabemos, fazem isso muito bem.
Construtor do sensível, de valorização de seu lugar de lucro, de seu lugar na nação, de seu lugar no espaço social, na praça de negócio, a apropriação do sensível que de modo outro faz com que, de certa maneira, possa ser participante da realidade que desconhece. Ao possibilitar, com seu investimento o desenvolvimento da indústria. Uma indústria cinematográfica, de animação, claro. Possibilitando o crescimento educacional para que não apareça na tela de Van Gogh como o mentor financeiro, o dono, mas como alguém que, feito Tell ponha-se em movimento para o fortalecimento da sua pessoa enquanto sujeito de humanidade e não de cofre.
Mas esta lá, e acho pessoalmente bem vergonhoso, as marcas que abrem os filmes, a participação escrita do financiamento, de um programa político que faz o filme, não é triste? Não é. Não temos uma palavra nessa língua que possa definir.
Pensava que políticas fossem para a liberdade, para a criatividade e não para carregar o Estado e as empresas financiadas pela lei.
Pensava que a visão colonial escravocrata do Senhor de poucos engenhos não anunciasse mais que na construção civil, na arquitetura desse building Exchange não necessitasse mais aos publicitários anunciar o quarto de empregada. Mas esta lá nos jornais como é visível a senzala remunerada, e esta no cinema a marca dos donos que deram uma colher de chá para os que alguns chamam de artista, e outros de provedores de políticas e de marcas de patente, colaboradores, com interesses, esses que ganham os editais e realizam a proclamação de suas vaidade.
Por isso também filmes ruins com as marcas estampadas realizadas por oportunistas. Talvez por isso a determinação de um fantástico vazio criativo tenha algumas linhas na historia da cultura (feita por quem detesta cultura) e um guardar, proteger eterno no esconderijo das reservas técnicas de um patrimônio que coisa e não obra, mercadoria de valor, e, menos ainda, que se tenha qualquer razão, o artista – o verdadeiro.
O empreendedorismo, de todas as formas, inclusive as que se dizem artísticas, não necessita do artista, nem mesmo o empreendedor nacional, qualquer um que possa ser identificado e identificar o outro. Aquele, esse tal.
Para saber mais a respeito assista o preâmbulo dos filmes, veja os folders, o anuncio na capa, na contracapa de livros e CDs, no sitio e fazenda da internet, e leia sobre o serviço das leis que incentivam alguns como assistência social ao artista, como fonte de enriquecimento de espertos que auxiliam a isenção do fisco e promovem os programas culturais.
Faça você mesmo, preencha os ditames comuns da burocracia, os formulários, apresente um tema e realize um filme. Não deixe de ser nacionalista e realize um conceito. Ponha no envelope eletrônico, no físico, feche bem e apresente. Além disso, bem certo, realize o seu estojo curricular. Mas não esqueça de conhecer os avaliadores de projeto.
É assim lá em casa. Acerto e erro com mais força do que se pode imaginar.
Peça ajuda, estenda a mão, solicite com ternura e desapego, não faça criticas, sorria, seja coerente com as solicitações. Se for escritor trate dos assuntos que são exigidos, um tema que fale bem de personalidades, de assuntos sociais da moda, os mais conhecidos dos públicos, temática de culturas validadas, as que possuem crachá de importância, veja nos editais dos empreendedores o que eles desejam patrocinar, aquelas que possam lucrar, que possa guardar as que possam ser aplicadas em algum slogan da qual possa receber: Muito bem, esta no caminho certo. Coisa do tipo.
A historiografia empreendedora em arte parece conjugar entre superação de dificuldades, de pesquisa e formação da liderança, de confirmação de estratégias, a flexibilidade para solucionar problemas, buscar resultados, realizar metas, conhecer a situação social e política de cultura, mais que tudo isso, a imponderável capacidade de decisão.
A tomada de posição em (re) significar o próprio estudo e trabalho, de compartilha-lo faz quebrar as pedras do caminho. No sentido de dignidade, de cortar ao meio na realização ética.
Não é a toa, Drummond lembra que no caminho havia uma pedra. Mais uma definição de si mesmo, na falta em quebrar pedras, e no sentido literal da estrutura patrocinadora. De dignidade, qualidade de quem pode quebrar pedras do caminho. E não precisa ser em Itabira.
Como chegar em casa depois do negócio? Com um sentimento de realização, de que pôs mais uma pedra na marulha da formação humana, sensível.
Pedro Moreira Nt
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