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A Visita de Papai

 



No aparecimento do fim, a gente vê o passado no presente, veio cá comigo, de presente essa alma revelada. Eu lhe dou esse voto na urna de meu coração, aonde vá e possa ser eleito. O meu último sufrágio para que vença toda tristeza e possa apaziguar os feridos. Voto em você que sempre foi meu herói, mancandinho, rindo sempre, alegre a ajudar as pessoas, voto em papai outra vez e novamente. Sei que nunca o perdi, que tudo que vivemos juntos não foi em vão. Os segredos de nossa família que ninguém ousou burlar, nem duvidar de nossa alegria de viver.

Alienação parental pode ser feita por um modo de cancelamento, exclusão direta por parte de um cônjuge, por meio de elementos negativos, construção de um "fantasma" não merecedor de paternidade; por meio da tortura, numa provocação ao limite moral, através de uso de técnicas grotescas com aparência de serem sutis. A difamação pública, feita em partes ou pedaços a esconder suas intenções e verdades, por acusações sem-causa, por meio de emissão ondas radioativas e violência sonora.

Se faz de tantos modos a criação do descrédito social, cancelamento social por meio de cortes via hackers, através de torturas vigiadas, controle, invasões de propriedade privada, filmografia em que a pessoa violada é posta sob dúvida de seus valores sociais, e de  justificalização que é o conceito que se eleva de alguém que acredita no mal do outro e o justifica por todos os meios, mesmo os mais cruéis para conformar a sua crença, e mesmo quando cria o outro como fonte do mal, mesmo que morto ainda justificaliza, porque também não admite o erro, e porque não o conhece, não sabe, empanado no forno quente de sua obscura obsessão.

Muitos foram justificalizados, muitos foram levados ao prelo social de serem justicializados, quando o engano se torna mérito e da alçada de um direito público ou por decisão da vontade comum. E outros judicializados, quando se trata de uma decisão doutrinária do direito que se impõe a autoridade. E nada, depois do que ocorre, retira a mácula de um inocente em ser considerado monstro, nada o deixará de retomar a sua guia existencial quando levado ao cadafalso pelas mãos de sábios ignorantes.

A generalidade estrangeira e local diz: "essa gente brasileira não vale nada". É uma alienação que vem do substrato mais diverso de toda diversidade do que chamamos família. Uma alienação parental levada às últimas consequências. É levada ao prelo público, geralmente feita por parte do cônjuge ou por grupos em que se envolva ou esteja relacionado. São estruturas grupais que dominam, como que um "senadinho" de interesses o início e o fim de um cidadão, seja ele um homem comum, artista, da atividade liberal, do trabalho forçado ao preço estabelecido na carteira de trabalho, seja como for, nem mesmo políticos têm conhecimento desse poder lateral, dominante dos pequenos bagres das águas turvas de uma falsa democracia.

Sejam esses, grupos sociais, de ideologias, de validação de conceitos, grupos de interesse monetário, de vantagens, ganhos e promessas, associacionismo criminoso, realizado por pessoas de baixa índole, sem escrúpulos e que ganham dinheiro para causar mal alheio, e por  grupos de pessoas rancorosas e vingativas, políticos em busca de um bode expiatório que anule publicamente o mal que fizeram e fazem, e têm necessidade de uso de um valor ou de transformá-lo publicamente de forma negativa para garantir alguma ressalva, falsa inocência.

O uso comum da alienação parental é ocupar de persuasão, dominar o estado moral, e um dos modos mais comuns que esse tipo de atividade neo-fascista realiza é através de gravações, edições e de justificações em um espaço tempo em que uma família que esteja separada, se mostra por imagens, formas, modos para que que haja enganos ou erros, um desmonte moral de ações de um marketing negativo e muitas vezes subliminar. Assim quando acontece introjetar um nome a uma figura imoral, de baixo valor.

E é tantas vezes conseguido a violação de direitos por esses instrumentos de modo sub-reptício, e quando alguém perde a presença humana, torna-se uma "figura", secundizado no seio das relações e interações familiares, quando é submetido e levado a um estado de alienação parental. E isso resulta em maus tratos e separação moral de um pai de sua filha, de seu filho, da prole e por conseguinte de parentes, conhecidos indomáveis, amigos, colegas e de desconhecidos por concomitância a um ultraje do qual não possui defesa.

Geralmente este modo violento de persuasão negativa, por um estratagema de ética negativa surge da desconfiança de que serão - os próprios violentadores desse estado moral alvos de suas ações violentas e podem, no tempo serem descobertos. O bordão frente à casa de um vendedor ambulante diz: "Olha o diabo - eu disse quiabo. Quem quer? Diabinho novo - falei quiabinho. Quem quer? É de babar, pessoa baba, se não tem fica braba. Baba no diabo - disse quiabo. Quem quer?"

Uma nação é uma família, se lhe toma a terra, se lhe causa abandono, se não lhe compartilha educação. Alienação Parental é assim, autofagia, comer da própria carne e morrer todos de inanição, de fome de conhecimento.

Entende porque chove, porque o culpado é o desabrigado, porque é o índio ignorado, porque a falta de direitos corresponde à persuasão de que tudo passará, que amanhã os dias serão outros, que agora, falta água em meio à tempestade, que se deve acostumar com a falta, que o preço vai subir devido ao desengano, porque a Europa sofre com a crise internacional, porque a água junto às regiões antárticas é fria e os motivos todos porque temos carteirinha de cidadão, que amanhã não teremos luz, que a miséria que passeia na rua vai votar para garantir o seu estado de risco social e não o direito a um bem-estar social.

Alienação que faz o lupem, que devemos ser cristãos, mesmo sendo judeus, sendo filhos do Alcorão, mesmo sendo crentes em Iemanjá, e porque não nos importaremos quando uma alma poeta for morta a pedrada nas ruas, porque também estamos feitos em demanda de uso, o ballet é morto a pancada e a dança antiga, chamada moderna, toma o seu lugar a um preço menor, e porque ao invés da história do teatro temos um relatório, porque existe um documentário dos artistas locais feito por seus amigos, filtrado desde o umbigo das falsas verdades, e gritam no teatro com a voz troncha e recebem prêmios. 

Saiba porque os nossos filhos de amanhã não nos reconhecerão, não saberão ler os sentidos possíveis estancados atrás de arames farpados, cidades mínimas rodeadas de fazendas vazias, e eles ou estarão na prisão ou no abandono social, e porque tantas vezes a Educação faz da expressão livre um conceito acadêmico; e porque vêm até a minha frente alguém de longe, muito longe, mostrar um trabalho que só ele pode implantar a um custo de seu interesse, e porque o patrimônio foi levado para algum lugar escondido, e não se tem mais a placa de bronze na calçada, e o ferro do bueiro nas ruas.

A culpa é do faminto, da gente sem oportunidade, sem direitos, e porque temos mais tecnologia para a vigia, para o controle e identificação social. Isso é para sabermos separar, por cada um no seu lugar, cada macaco no seu galho e vivermos felizes nos condomínios protegidos, longe "dessa gente" que nem sabe falar, nem pode amar, e dizemos, não sei quem são. "Essa gente aí", "esses montes que andam e defecam", a dizer assim: "Nossa! Como você é pobre." E mal sabe que a palavra pobre significa "para a obra", para o trabalho a custo pouco.

"Eu não, eu sou vendedor de interesses, sou contrabandista de cargos, sou criador de conselhos, sou muito." Mas é esse povo rebatido na dor que agarra qualquer santo, por falta de educação e valores morais, de valores sociais, de direito ao conhecimento e seu compartilhamento. E agora vem novamente alguém aqui em casa, "pé-de-pano", levam as pessoas que amei, levam meus filhos, o meu direito de chorar contra o sofrimento do outro, eu que não posso mais esconder a minha dor.

Não ouso dizer que tenho vergonha de canalhas, nem de bandidos, nem de escroques, de neo-nazistas, de assassinos, de falsos amigos, de pessoas que vivem do sofrimento alheio, esses mãos-de-sangue, o meu desejo informe, minha voz sem nome, queria viver longe do país e do território, queria viver na nação que é meu ato de abstração, queria me jogar na comunidade e ser recebido pela minha gente, mas não posso recolher todos os abandonados, não posso correr atrás daqueles que foram proibidos de viver com dignidade, a minha luta é infame, um microfone ou uma palavra, um grito, mais se parece com a minha morte do que tudo que vivi na vida. Não digo que tenho vergonha de gente sem-vergonha.

Eu não me desabafo, nem me derramo, sou todo espalhado, jogado em todos os lugares onde não estou, adentrado nesse mar de sujas águas de dor e violência. Hoje mesmo, ninguém sabe, eu sei, papai veio me visitar. Abriu um livro, leu O Bicho do Manuel Bandeira, começou de voz morna "na imundície do pátio…" e parou porque sabia desde onde mora agora, lá no além azul, que o "pátio" é muito grande.

Pediu água, sentou-se na frente da TV e viu algo, um passe errado e o Santos na frente. Depois fingiu dormir e foi novamente desaparecendo, mudando o nome dele, transformou-se, era aquele hominho pequeno e sem nome que carrego comigo, me levando de bicicleta, me carregando no céu.

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