Pequeno Problema no Capitalismo Colaborativo
Este textinho veio como uma percepção genérica sobre as dificuldades que milhares de brasileiros têm sofrido para conseguir um posto de trabalho e emprego.
Talvez seja mais um texto de ignorância garantida, de erro do que possa ser entendido aqui, do que uma dica, um modo de expressar o que andei entrando em contato.
É uma visão geral de uma posição generalista. Tenho o hábito de pôr o dedo em locais por onde ando sem saber das regras medidas ou solicitadas. De qualquer forma, tem mais cara de crônica, ou talvez conto que pode favorecer aqueles que possuem os melhores meios, o conhecimento adequado.
Bolas fora são importantes porque são o motivo da existência do gandula em um jogo. Nesse caso, vendo as dificuldades do país, da situação tritônica dos acontecimentos em relação ao futuro produtivo e equalizador das nossas diferenças sociais, resolvi furar o bolo com algum pensamento.
Preparado ou não para esse trabalho ou para aquele? Foi posto de lado, colocado no amontoado dos rejeitados em uma escrivaninha vazia. A oportunidade não veio por motivos mais acadêmicos, de um ticket de passagem, de um botão descolorido, por uma técnica de entrevista, de inversões, de testes e análises de personalidade, de um ponto de vista, por causa de um acaso, devido a certa cultura, por ser mulher e é brasileira, ou por razões fora da raça humana, ou as condições prévias de possuir certos bens, conta bancária, de abandono escolar. Talvez a causa-motivo de não ser aceito é porque é muito formal, ou muito bem formado, possui coisas além da conta que não se integram ao tipo de trabalho.
O preconceito, a visão estreita pode estar inserida na aplicação técnica. Seja qual for o motivo em causa porque não conseguiu o trabalho, porque o emprego não aconteceu, se pode dizer que a racionalidade, a efetividade falha da técnica e da tecnologia, do trabalho psicológico para a contratação, a profundidade científica para uma abordagem no processo de contratação, ou um descaso frente a tantos que buscam um posto de trabalho. No Brasil são mais de dezesseis milhões de desempregados. Pôr um fora por motivo irrelevante ou de relevância não qualificada, devido a visão de quem contrata, em resumo põe fora cabeças, cérebros, mentes, inteligência, força criativa e operativa. Isso pode acontecer? Isso acontece?
Segundo o Professor Joseph Fuller, muito pode acontecer contrário às perspectivas de um contratante, e muito se a empresa perde ao rejeitar o que poderia ser a sua transformação qualificada para o mercado. E isso se dá na vida? Perdemos a oportunidade de encontrar verdadeiros amigos, de sermos amados, de um reconhecimento afetivo, longe do ciúmes, da posse do outro, da inveja, do mal social de ‘alzheimer’, de esquecimento de um bem, ou ainda de não se perceber no outro o que há em si. A alteridades que não acontece. E no trabalho? No mundo do trabalho vemos a hiper-formação, hiper-qualificação e a infelicidade do mercado de trabalho de não estar aberto, como devia ser o mercado humano produtivo para as mudanças necessárias que o século solicita.
Vivemos uma era diferente, precisamente porque necessitamos de gente flexível e também de gente que seja tomada por seus valores, definidas como agentes de responsabilidade, de ética. Mas isso pode ser visto como inflexibilidade ou incapacidade de gerenciamento, de estar solidário e colaborador com uma equipe. Engano, os generalistas são postos fora, quando em verdade são esses, - a grande maioria dispersa no part-time -, que podem alavancar uma nova maneira de produzir desenvolvimento. Não se trata de produzir o produto, de uma lealdade de política internalizada, ou de uma subserviência garantida. O que penso aqui é sobre o valor humano em toda a sua inteireza.
Múltiplo nas ações, diverso nas questões, crítico na tomada de decisões, ativo no sentido de levar as dificuldades ao conjunto empresarial do qual se busca uma resposta positiva. Qual a função disso, achar novas trilhas, abrir caminhos diferentes do usual, saltar sobre a obviedade das moralidades impressas na estrutura do algoritmo, encontrar o cliente, possibilitar negócios, construir o empreendimento com ativos plurais que alcancem novos mercados, apresentar seus questionamentos para que renove ou se atualize o processo produtivo com mais eficácia e facilidades para todos.
O capitalismo colaborativo erra ao acreditar que a guerra mercadológica, pontos avançados para o empreendimento se realizam com a simples ‘colaboração’ interna de seus agentes. O profissional, qualquer que seja, em uma empresa, no menor cargo é, devido ao pensamento colaborativo, potencialmente um CEO. Ninguém no espaço de colaboracionismo integrado está fora da rede de ascensão. Os planos hierárquicos dançam facilmente ao se entender que o bloco piramidal é defasado frente ao que um computador de segunda classe pode realizar, tramando, entrando nos labirintos estruturados das hierarquias. Hoje as hierarquias são nômades, atuam como um organismo interno vivo, são pró-colaborativas, seus membros são proativos, colaboradores.
A entrada, o portal da empresa com um RH que é auto-excludente, antigo, comparativo e analógico necessita de mudança drástica para ser humanizado, em todo o sentido do termo, transformado em GH - Gestão Humana. Não há um receituário, um manual, um modo de abordagem suficiente enquanto não flexibilizamos as contratações. São riscos, e não erros. Veja, Braverman nos anos setenta avisava que para a formação de um profissional do no chão de fábrica demorava sete anos. E agora? Qual é o tempo necessário para o crescimento, para a produção, encontrar ou expandir, realizar um novo mercado? Dependendo, os riscos não são traços feitos com metal na pintura de um objeto, esses são definitivos, materialmente reais. Os riscos em contratações podem ser oportunidades.
Mas veja, estou falando de que a hierarquia nômade, portanto flexível a ser criada é o caminho para um setor de contratação agir com mais determinação e assertividade dentro do panorama atual em que vivemos. São verdadeiros nichos produtivos, criativos que estão escondidos.
A empresa tem um plano para o futuro? Sim. E o seu empregado, o funcionário tem um plano? Não se sabe. Um GH pode possibilitar a todos os colaboradores a serem colaborativos de fato, de promover a pessoa, de facilitar o entendimento do potencial através da criação de Orientação Profissional interna, de Projeto de Vida, de Plano para o Futuro, de projeto pessoal de desenvolvimento. E isso faz a base para a alavancar o crescimento no mercado de uma empresa interessada em ativar seus Planos de Negócio, suas Metas Futuras.
Porém se ainda estamos na gestão via estrutura militar de treino, de propedêuticas, de troca de favores por necessidades, de coação ao tempo de trabalho e não de sua realização, de não entender porque não pode enxergar o potencial de cada um no conjunto integral de seus membros, menos possibilidade de saltos qualitativos.
Ganhar efetivos significa efetivar planos de risco para que o agente colaborador seja a chancela criativa e valiosa da organização empreendedora. Se é empreendedora não pode ser fixa, rígida, fria dispondo apenas do óbvio para seguir a obviedade do capitalismo. Se a intenção é colaborativa, se a política de colaboração se realiza internamente, por que não externamente. Se as empresas se tornarem parceiras, terão mais força para concorrer a um mercado, isso já vem acontecendo, mas poucos sabem que o empreendedor de hoje é um sujeito coletivo, não está só. Dessa forma, pensando em ganhos futuros, o presente é o risco, a busca de talentos que estão no amontoado listado de rejeitados. Estão ali os que podem fazer prosperar o empreendimento de forma nunca vista.
Não basta a técnica, a tecnologia e a testagem para a contratação, o aporte humano generalista é fundamental para as transformações que o século exige.
Se a democracia, como ensinam os antigos, é o exercício para um vindouro socialismo criativo, exemplo disso é o colaboracionismo, o exercício do presente é oferecer oportunidades para os que podem produzir com mais eficiência, com mais criatividade e valor humano.
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