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Antes de seguir

   Antes de seguir eu ficava jogada no rio, dizia. Assim, de olhos caídos na água, como se fosse possível um horizonte no reflexo do dia que me espelhava. A menina se desconjuntava, uma parte aqui outra acolá, um resquício do outro lado e nada podia ser inteiro e completo. Como que a água puxasse a face, a marca bordada de EP no peito da blusa.      Ficava ali a ver as ratazanas brigarem, e, em um mergulho completo dos bichos, quase aterrorizante, se podia ver que entravam por meandros de buracos, sumiam nas manilhas e desapareciam.  Nadavam sobre a minha imagem que se estirava no rio sujo, avermelhado,  lilás e de cores que não conheço para encher a boca e dizer, verde verei, azul royal, ou de cobalto, mercurial, lembrava.    O rio enfiado no cimento deslizava descontente para um fim desconhecido. Era uma reta castigada por obrigação de seguir a um derradeiro estágio e se perder na outra ponta, no outro lado da cidade.      Como eram bonitas as ratazanas, eram livres os meu

A inteligência educativa

  O retorno do vestibular pode acontecer a qualquer momento, ao invés da média geral de notas, ENEM, o vestibular também é uma maneira de criar novamente o muro entre estados nacionais, diminuindo a integração cultural social, a mobilidade educativa. Pode ser que seja um modo de esconder uma qualidade formativa abaixo do esperado, algum favorecimento, vai ver. A entrada via portas do ENEM é de fato uma alternativa para o movimento educacional, da universalização e pela mobilidade educacional. Mas não é um método de exclusão para um pseudo benefício local reprodutivo e genérico, um privilégio. Apenas os locais, e alguns outros que possam ir a outro estado terão alguma oportunidade formativa.      As universidades, ou terão que investir em estruturar comissões para o vestibular, ou mais ainda, terão que contratar certas empresas, terceirizando o serviço, em uma privatização do direito de escolha que o ENEM oferece. Seria cômico termos  vestibular novamente, mas não é muito engraçado essa

Brasileirinho da classe média

Brasileirinho da classe média rica na miséria Olha Veja você mesmo Não frente ao espelho o reflexo é reflexivo e não mostra a cara Pense nos teus pés que marcham no escritório naquele lugar quando anuncia a sua presença a sua cabeça que ergue o dedo do nariz aquela ponta  Enfia a cara no mundo com a implosão da afetividade na máscara do poder Note como veste o uniforme da moda As opiniões que tem parecem seguir normativas regras de bom comportamento que possuem a intenção comparativa Quantas vezes perguntou se há algum tipo de mescla pensa que vai se preservar a casta bem gasta não deve manter contato E o tempo que pára no sinal de trânsito a sua demora em decidir para mostrar na passarela da rua o carro esticado de seu caráter Nunca disse algo assim: sabe com quem está falando? manda bem volte-se para o seu tamanho original nem racismo tem Coisa, vem cá! O coiso, não ouviu? Logo você que é banhado nessa