Skip to main content

A inteligência educativa




  O retorno do vestibular pode acontecer a qualquer momento, ao invés da média geral de notas, ENEM, o vestibular também é uma maneira de criar novamente o muro entre estados nacionais, diminuindo a integração cultural social, a mobilidade educativa. Pode ser que seja um modo de esconder uma qualidade formativa abaixo do esperado, algum favorecimento, vai ver. A entrada via portas do ENEM é de fato uma alternativa para o movimento educacional, da universalização e pela mobilidade educacional. Mas não é um método de exclusão para um pseudo benefício local reprodutivo e genérico, um privilégio. Apenas os locais, e alguns outros que possam ir a outro estado terão alguma oportunidade formativa.

    As universidades, ou terão que investir em estruturar comissões para o vestibular, ou mais ainda, terão que contratar certas empresas, terceirizando o serviço, em uma privatização do direito de escolha que o ENEM oferece. Seria cômico termos  vestibular novamente, mas não é muito engraçado essa história prescritiva da educação em avaliar de toda a forma, de trás para frente, de abrir a boca e ver os dentes do conhecimento, mandar perguntar a origem, se possui ou não merecimento, se pode pagar o custo de um alto aprendizado.

    Pode ser que a Universidade diga: esse aí não vai, ou reprove em humanas por não saber de cor-e-salteado a origem do pensamento de Fernando Henrique Cardoso, da arche ou da reprodução mecânica de Walter Benjamin, economia política e a mais valia em Karl Marx, panóptico de Bentham, sentido da ética em Baruch Spinoza, construção do pensamento em Lev Vygotsky, entre tantos outros será reprovado. O ato da reprovação, um ato pedagógico cuja função está no limite da média de um saber professoral garantido no dedo que faz a nota.

 O vestíbulo cheio novamente ou vazio interinamente, exigirá taxas para as provas, gastos de transporte, todo o tipo de locomoção, estadia quando necessário, seguir a burocracia interna com horas de trabalho a mais, treinamento receptivo, uso de espaços internos e externos, panfletagem, propaganda, confecção das provas, distribuição de materiais entre outras muitas exigências, passos para trás em relação ao movimento nacional de uma educação de direito. 

    Mais universidades, retorno, por direito, da carreira profissional do professor, educador e do técnico universitário, abertura da educação superior com extensões em todos os níveis, cursos para e com a comunidade, aplicação jurídica das avaliações educacionais a partir das ciencias humanas.

    O PISA (Programme for International Student Assessment) podia se chamar PIZZA quando o maior pedaço vai para as comunidades eleitas, está baseado no Tecnicismo e não na formação humana, uma furada que nivela o aprendizado técnico, um conhecimento estabilizado no regionalismo e nas relações internacionais, privilegia os países mais desenvolvidos no sentido técnico-científico, arte como técnica, línguas como técnica dentro de um estofo multicultural e linguagens comedidas a um comunitarismo excludente.

    Precisamos de um Programa de Internacional de Avaliação Humana e de Conhecimentos dos Estudantes, e ainda considerando a mobilidade universitária internacional. A humanidade e a formação humana para o futuro deve eliminar o bairrismo, a visão umbilical da cultura, um modo de diminuir a visão culturalista comunitária e regionalista contra o fascismo, o grotesco autoritarismo e ignorância do outro.

    Mais universidades e menos prédios com a carreira do professor pesquisador e do técnico universitário, investimentos menores que a nossa posição no PISA, muito menor que o totalitarismo - tão apregoado por Hana Arendt - que tão facilmente sabemos aplicar.

    Mais universalização com mais mobilidade educacional nacional e internacional. Humanização da linguagem educacional, melhor percepção da individualidade enquanto ser social, humanização da Universidade, melhores condições - dentro do movimento do capital tecnicista - de negócios internacionais, maior expansão do conhecimento, valor ao direito e à democracia.

    A mobilidade educativa é o ponto crucial para o desenvolvimento humano em todos os níveis. Não necessitamos de protetores da cultura totalitária, e sim de flexibilidade, facilidade, rapidez e de almas inteligentes e não de seres brutais, especialistas tecno-científicos que ignoram os valores humanos. A universidade tem de mudar, temos de ter o direito de receber estrangeiros em quantidade e de estudar e ter formação universitária em qualquer lugar do mundo.

    A inteligência não necessita de formação, a inteligência necessita de humanidade, o que somente a formação pode oferecer quando não for caótica, destituída de valores, ausente da realidade social cultural, quando apenas for cientificamente dura e ignorante de humanidade, quando não for excludente colocando em demérito qualquer inteligência que supere um conhecimento exíguo, conceitual, quando essa inteligência apenas técnica não admitir alunos acima da média, quando não for vazia, quando não persegue e assedia qualquer outro que discorda, que critica e se apresenta, quando essa inteligência não seguir os manuais, sua única fonte para decisões técnicas e morais ao invés de éticas, quando essa inteligência não se manifestar a partir de grupos, por interesse, mesquinha e incapaz de conceber o outro.

    Quando  a inteligência, não for um sanduíche de vaidades, desde a formação do professor universitário, não for um invólucro restrito de favores e ganhos sem causa, de poder autoritário e de totalitarismo disfarçado, de populismo e jogos de interesse. E quando a União entender que os investimentos negados à infraestrutura não tivesse como ente culpado a Educação humana negada.

#######

Charlie 


    

Comments

Popular posts from this blog

Un mundo sin elección personal

      Si no muéstrate del vivido las mezclas de encuentro y desencuentros, la síntesis multicolores de esos hechos, lo que logró con diversos seres en la marcha de la vida, los diferentes pensamientos e ideologías; si creéis en pureza de pensamiento, o que es solo memorable para vos aquellos que le cuidaron con empleo y asignaturas de negocios, posiciones, a decir que eres cómo espejo cristalino de una herencia moral, familiar, el dibujo de vos podrá ser más parecido con demagogos originarios de una abstracción filosófica a respecto de la falacia y manipulación social materializada en autoritarios e históricos dictadores. Si eres de otro modo hecho de diferencias, vos no serás más qué nadie, solamente estarás entre lo más común y raro de personas que creen en la democracia.     Hay quienes no lee, tiene poco, espera nada, vive del aire, del sudor diario en la labor, ni sabe de los gritos en el teatro hecho sin alma, o del arte sensible, y que ama el sencillo de ...

Progresismo de carro novo

  Atuações progressistas são aquelas que progridem, melhoram do substrato terreno histórico cultural em busca de fertilizar a árvore da vida para a distribuição de seus frutos, conhecimento. É uma boa metafísica. De todo modo é espelhada como orgânica, na integração de todas as diferenças em uma igualdade distributiva e de reconhecimento. Mas não está assim como Fraser gostaria. Acabamos no arcadismo de medalhas, de honrarias, no ritual. É menos moral e menos fortalecedor do dignatário, o progressista. Aida mais porque reconhecimento em Axel Honeth precisa da desmistificação, eliminar o rancor e ressentimento como Marc-Angenot busca mostrar. Destruir as hierarquias, e isso significaria, nos modos de persuasão, - um tanto pagas ao entendimento das teorias, das absolutidades, do factual, da pele jornalística - está a impossibilidade, nem com reza-braba o universo-quintal do capitalismo predatório e fragmentador de identidades, da lasciva e sarcástica persuasão deixará de recair nas m...

Cultura e vida de qualidade

Cultura e vida de qualidade Pedro Moreira Nt A vida não existe para o sujeito humano sem a presença tão evidente da cultura. O jeito de ser, a maneira de solicitar ou de realizar algo, a afetividade mostrada, a canção, o brinquedo e as formas do trabalho em sua constante e interminável presença. Se o pensar constrói possibilidades, ideais, desejos, o mundo de fora também, na inter-relação entre o sujeito e objeto realiza-se com a novidade a partir do que já está presente. O criador de verdades, de sonhos e realidades se entrega a esse magnífico processo do fazer. Na cultura também está a guerra, a desconfiança, o medo, a fome, a crueldade e a impossibilidade de diálogo. O termo cultura tem um sentido de sobrevivência escondido. Devemos cultivar a existência, a vida é uma complexa ação cultural, os nossos antepassados persistem no DNA, na memória cerebral, emotiva, espacial, sinestésica, no gesto corporal, fala, e na busca que se acredita única, mas que é da humanidade: viver ...