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Preparação técnica - Severino - RESENHA



SEVERINO, A. J. Preparação técnica e formação ético-política dos professores. In:SERBINO, R. V. et al. (Org) Formação de professores.São Paulo: Editora UNESP, 1998.


Pedro Moreira Nt*

Professor Antonio Joaquim Severino realiza nesse texto, uma abordagem crítica a respeito da formação profissional do professor. A partir de um momento histórico surge a personificação do professor, o ensino que era um processo interativo e não-formal torna-se parte de um programa institucionalizante. A ambigüidade compreendida por Severino (1998) nessa formalização se dá no fato de que o conhecimento não é durável, aos poucos, aquele saber “(...) vai se dando impregnada de transitividade.” (SEVERINO, p.72, 1998) e coloca o professor numa situação de revisão diária de seu saber para buscar, e nem sempre consegue, “(...) envolver em si a nova exigência, a da intencionalidade que deve marcar os novos modos de interação (...)” (SEVERINO, p.72, 1998)
O assunto tratado no texto se dá pela percepção de que há uma discussão a respeito da educação e sua importância, não somente no aspecto formal. “A questão da formação dos profissionais da educação que não atuar nos diversos níveis do sistema de ensino é objeto de prmanente preocupação por parte de todos aqueles que se interessam pelos destinos da educação em qualquer sociedade.” (SEVERINO, p.72, 1998) E a pesquisa em educação, a dinamização de uma atividade que não vem preencher vagas de trabalho como mesmo Severino (1998) ironiza conquanto fosse a “de formação de ‘recursos humanos’ para a educação” (SEVERINO, p.72, 1998) trata-se de uma mobilização que é presente na comunidade educacional e que  está ativa porque se debate e se pensa educação no Brasil.
Estabelece que há uma precariedade no ensino formativo, os cursos de magistérios, pedagogia e de licenciatura. A LDB (Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996) promoveu avanços, realizou mudanças nesse aspecto da formação do profissional em educação. O Instituto Superior de Educação como uma “nova agência formadora” (SEVERINO, p.73, 1998) pelo que também determina de que os profissionais do ensino básico devem ter curso superior. 
O CNE e o MEC  a fim de que os dispositivos legais tenham ação concreta “vem definindo diretrizes, tomando decisões e aplicando medidas concretas para instalar um sistema nacional de formação de professores.” (SEVERINO, p.73, 1998)  Isso corresponde a uma unidade pedagógica no país, um pensar educação em que a técnica estaria integrado ao sentido ético-político dos profissionais da educação.
O sentido da formação profissional em Severino (1998) trata-se de uma visão ampliada, que o sujeito é a parte essencial para que a técnica se estabeleça e “não pode ser realizada desvinculadamente da formação integral da personalidade humana do educador” (SEVERINO, p.75, 1998)
O aviltamento das condições de salário e das condições que possam gerir uma existência com dignidade no trabalhador em educação são temas que são colocados na questão da problemática da formação no contexto sociopolítico brasileiro além de “muitos problemas mais diretamente ligados à sua preparação, nos planos científico e pedagógico, comprometem o atual modelo de formação de educadores, tornando-o improfícuo na consecução de seus objetivos” (SEVERINO, p.75, 1998) Esses problemas se apresentam pela maneira da apropriação do conhecimento científico que o profissional em educação “precisa, obviamente, dominar, com vistas à sua qualificação profissional”. (SEVERINO, p.73, 1998)
Se há limitação nos conteúdos, o problema é acrescido da precariedade de um desdobramento do conhecimento que dificilmente é incorporado nos processos de sua produção. Fazendo compreender que os cursos de formação de professores tem como estatuto do ensino/aprendizagem  é a transmissão de informações ao invés de ser investigativa, uma “cadeia de repetições e reproduções”. (SEVERINO, p.73, 1998). Nesse sentido, faz pensar que a reprodução é a manifestação de uma ideologia da manutenção, um esquema político de segunda ordem, cuja operação é fazer  a comprovação de que a educação no Brasil é direcionada a poucos e que a grande maioria não necessita de um desenvolvimento intelectual capaz de autonomia no sentido de promover o desenvolvimento integral do sujeito/estudante. 
A segunda limitação constatada e Severino (1998) é que a recepção teórica e técnica são minguadas, e a situação do estágio não produz avanços significativos na formação já que em sua maioria é precário e não possui possibilidade de desenvolvimento em práticas. “Se é bem verdade que se aprende pensando, também não deixa de ser verdade  que se aprende a pensar fazendo.” (SEVERINO, p.76, 1998). O tratamento curricular é o determinante da preparação do profissional em educação. 
A terceira posição dada por Severino (1998) é a sensibilização que se faz necessária à formação do docente no sentido de poder realizar a sua atividade profissional no seio da comunidade, isto é, de não estar preparado sensivelmente ao contexto sociocultural onde vai atuar. Em suas palavras:
“O curso não lhe fornece subsídios para conhecer, com o devido rigor, profundidade e criticidade, as condições histórico-sociais do processo educacional concreto em que vai atuar, o que o acaba levando a uma prática docente puramente técnica, mecânica, quando não tecnicista, que não leva em conta os complicadores de ordem antropológica, política, social e cultural que atravessam a educação e o ensino em seu contexto histórico-concreto”. (SEVERINO, p. 76, 1998)  

Considera que é o trabalho, a vida social, a cultura simbólica que na realidade se desdobra para a percepção concreta da existência. É parte de um processo de hominização que corre o risco devido a forças alienantes de serem, portanto, subjugados. Mas que não há outro modo de se processar esta interação com o concreto presente.
Três dimensões para a formação do profissional em educação: a dimensão dos conteúdos específicos que se refere ao saber, a dimensão das habilidades técnicas que são referenciadas ao domínio didático e a dimensão das relações situacionais que não podem ser escamoteadas, devem ser compreendidas em todos os segmentos que se referem a todos os sujeitos que estão envolvidos no processo ensino/aprendizagem e na educação como um todo que abarca as relações mútuas. A vida subjetiva, nas relações de poder da vida social e determinações históricas e críticas.
A questão metodológica em Severino (1998) se faz perceber pela linha materialista, histórica e dialética em que conduz um refinado pensamento sobre a importância e necessidade formativa ético-político na formação do educador. Essas considerações são determinantes para o desenvolvimento de uma posição crítica do concreto do ensino e suas circunstâncias em relação ao poder, à história e sua percepção da realidade.
“É pela subjetividade que o homem pode intervir significativamente na objetividade. Por isso mesmo, sua formação, ainda quando voltada para prepração profissional, prssupõe o cultivo de sua subjetividade. Pois é só com os recursos da ciência e da técnica que ele pode dar conta de seus desafios ante o saber e o fazer, no sentido de decodificação do mundo natural e social e da sua intervenção nesse mundo, com vistas à sua adaptação às necessidades da vida. É só com a sensbidade ética que poderá legitimar sua ação, respeitando sua própria dignidade de pessoa humana, bem como aquela de seus semelhantes, tanto nas relações interindividuais como nas relações sociais mais amplas; só pela sensibilidade estética poderá aproveitar significativamente seus sentimentos e emoções, explorar sua imaginação criadora e relativizar os parâmetros puramente lógico-funcionais da razão natural; só com a criticidade política poderá entender o verdadeiro sentido da cidadania e a ela adequar seu comportamento em sociedade” (SEVERINO, p. 87, 1998)
A matriz epistemológica define que a atividade do professor só pode ser dimensionada na relação dos sujeitos no meio social, no conhecimento histórico crítico, e em sua subjetividade. O pensamento em Severino (1998) é a de promover o sujeito em sua totalidade e assim conhecer a realidade onde atua, saber e fazer que se intercambiam numa mesma formação ética e de posicionamento sociopolítico.     
 É nesse sentido que a preparação do professor deve ser reconhecida como fundamental, no sentido de qualificá-lo profissionalmente, conhecendo as questões históricas de seu tempo em relação à educação, em “estender essa consciência aos educandos” (SEVERINO, p. 78, 1998).
A formação ético-profissional em educação se realiza na sua contribuição à comunidade para que possam melhor conhecer a realidade concreta em que se vive.


REFERÊNCIAS

27/04/2010.
SEVERINO, A. J. Preparação técnica e formação ético-político dos professores. In: SERBINO, R. V. et al. (Org) Formação de professores.São Paulo: Editora UNESP, 1998.

*Doutorando em Ciencias da Educação UNLP. Mestre em Educação UTP. Prof. FARESC

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