Skip to main content

Posts

Showing posts from March, 2017

Teatro na escola da vida

Teatro na escola da vida PMNT Quando comecei a fazer um curso de teatro fiquei encantado ao saber que a maioria das coisas que fazia no cotidiano era, de certa forma, teatral. Com o tempo pude notar que o jeito que alguém anda pela rua é uma artificialidade, uma invenção de comportamento para mostrar um jeito de ser. Isso surge de uma imitação cotidiana, de um espelhamento, ou melhor, de identificações que as pessoas têm com quem admiram ou desejam ser. Esse desejo de ser não é exatamente o querer ser aquela pessoa, viver aquela vida, mas parecer tal qual fosse mantendo ao mesmo tempo a sua personalidade o seu jeitinho. Você já deve ter visto pessoas que batem o pé quando andam. Elas chamam a atenção de quem tiver no fundo de uma sala, num lugar distante. O som dá a intenção do protagonista que desfila. A personagem é imaginada para quem estiver longe do campo de visão. Pensa-se isso e aquilo, alguém anda triste, está calmo e é bom, deve ser o chefe, está irritado, é a rai

Teatro infantil, o teatro da vida

Teatro infantil, o teatro da vida PMNT A beleza do teatro infantil como faz está relacionado a uma grandiosa sensibilidade que compreende a criança. O mundo da criança, como nos ensina a Pedagogia é também interno, um universo de vida sensível e iluminada. Quando o teatro busca se aproximar desse lugar maravilhoso deve, ao menos fazer o ritual, a consagração da alegria. Sem isso, temos técnicos, fazedores de dinheiro com interesses muito distantes da delicada vida da criança. Um teatro cheio de lições, moralismos, preconceitos, dúvidas, ações já conhecidas, com repetições cênicas frágeis em relação ao que ocorre no cinema e na TV, em desenhos animados que, em geral ensinam a agressividade ou portam um sentido que a produção em teatro não vê, não percebe. Isso ocorre porque se tenta limitar a percepção do mundo infantil em sala abarrotadas de doces e brinquedos, luzes faiscantes, músicas repetitivas e congeladas em refrões enfadonhos que não alcançam aquele universo senão superf

O jardim da escola

O jardim da escola PMNT Quando pensava na escola sentia medo, um vazio, algo estranho. Ir para escola era na minha primeira infância o terror porque ia a correr todos os riscos. Entendia que não me sentia bem, mas o que causava isso era coisa que não conhecia. Sair do conforto afetivo da família e surgir como um sujeito no mundo. Vamos dizer de modo diferente: sentia que ir para a escola teria que lutar contra todas as situações que me causassem constrangimento. De não saber me comportar, de não aprender, de não conquistar as notas, de não ser aceito pelo grupo da sala, de não isso e não aquilo. Sei que a criança sente isso: medo de rejeição, de fracasso, de humilhação, de frustração, de culpa, raiva e incapacidade de demonstrar naquele mundo tão imenso e controlado por regras a pessoa que se é.  As exigências de alguém à frente que não é nem pai nem mãe e que está ali, com sua presença gigante a representar a autoridade sobre todos os ensinamentos e isso incluía os meus pensam

Teatro para crianças

Teatro para crianças PMNT Tudo bem, faz bem, movimenta o corpo, descontrai, socializa, promove interações de novos conhecimentos através do jogo dramático, desperta a sensibilidade cênica, do movimento, da organização plástica, da ocupação do espaço, da responsabilidade com o outro entre muitas outras coisas possíveis. Mas não tem coisa mais chata de que uma criança robotizada na decoreba, em marcações exageradas, em obrigações adultas, definições de papel muito evidenciado em um teatro de adultos que as crianças cumprem como obrigação. Dá impressão que estamos conversando desde aquela vez, não é? Bem, o que estava tratando é que a criança é criança, (grande novidade!) está no período de descobertas, da busca afetiva, do amor e respeito que todos devemos ter por este momento maravilhoso. Quero dizer que forçar não é bom, exigir demais, obrigar a brincar não é legal. A oportunidade da brincadeira, do jogo infantil acontece o tempo todo e não naquele momento específico da aula

O lugar comum da educação

O lugar comum da educação PMNT Quando fui ao teatro pela primeira vez eu senti que me desligava de alguma maneira do mundo exterior. Estava num lugar de poucos, convidado a conhecer algo que não se teria idéia alguma completa. A sensação do desconhecido, do inusitado me causava uma expectativa aterradora. O que vai acontecer! A gente se sente assim também quando somos deslocados do lugar comum, do mundo competitivo, do óbvio triste da civilização que se consome em consumir.   Lembro também que na escola pública era o teatro que movia as determinações didático-pedagógicas, o movimento para a sala de espetáculos era uma festa. Entre colegas, na algazarra, no jogo das relações escolares nada nos surpreendia. Estávamos acostumados a receber com naturalidade as surpresas críticas, culturais, estéticas, do ensino. Parece que estou enfim desacostumado a tudo que não sei, que não posso prever, que não tenho controle. Parece que devo o tempo todo me qualificar, contabilizar meus dias, e

Talento

Talento PMNT Você é talentoso, sempre foi. Talvez os adultos de seu tempo não tenham percebido, ou calaram porque tiveram medo de que tudo aquilo que mostrava não pudessem controlar. Preferiram esconder o seu talento porque acreditavam que sofreria no futuro. Era um jeito que os pais tiveram de construir proteção. Se desenhava muito bem diriam: isso não dá profissão! Vai ver que disseram: Pare agora com isso e vá estudar! Um mundo de diversão não caberia no esforço, na dura faina do trabalho. Confundia-se isso com a escola, e entendiam que estudar devia ser difícil, que era para poucos. Isso é estranho frente até mesmo ao significado original de escola, que do grego significa lugar da alegria. Parece que é fora de questão, todos sabemos que a escola é o lugar do sofrimento, de que há nela pessoas a oferecer a nossos filhos conhecimentos que devem ser aprendidos com muita dificuldade, que deve ser exigente, limitadora e cheia de tarefas para casa. E dizem: Quanto mais tarefa, m

Cultura e vida de qualidade

Cultura e vida de qualidade Pedro Moreira Nt A vida não existe para o sujeito humano sem a presença tão evidente da cultura. O jeito de ser, a maneira de solicitar ou de realizar algo, a afetividade mostrada, a canção, o brinquedo e as formas do trabalho em sua constante e interminável presença. Se o pensar constrói possibilidades, ideais, desejos, o mundo de fora também, na inter-relação entre o sujeito e objeto realiza-se com a novidade a partir do que já está presente. O criador de verdades, de sonhos e realidades se entrega a esse magnífico processo do fazer. Na cultura também está a guerra, a desconfiança, o medo, a fome, a crueldade e a impossibilidade de diálogo. O termo cultura tem um sentido de sobrevivência escondido. Devemos cultivar a existência, a vida é uma complexa ação cultural, os nossos antepassados persistem no DNA, na memória cerebral, emotiva, espacial, sinestésica, no gesto corporal, fala, e na busca que se acredita única, mas que é da humanidade: viver

Máscara

Máscara PMNT Antigamente, pode-se saber;    os rufiões – os caras que gostavam de briga. Bem, eles ao menos usavam algo que os identificava. Alguém os visse em direção sabia de quem se tratavam. E assim com os larápios. Uns sujeitos que tiravam os meles dos lares. Devia ser tempo de falta de açúcar. Os encanecidos também eram sabidos, porque se reconhecia neles a figura de cães que, na adulação diária escondiam os dentes ou sorriam caninos de seus covis. Também se lembra bem dos desalmados, eram seres que perderam a seriedade, eram apenas seriais provenientes do ostracismo, abjurantes, aqueles que foram soldados -    um de trás de outros em marchas lentas e que abandonaram suas fardas.  Os mais nos perdem da memória seriam os proscritos, os expulsos, renegados e esconjurados, a esses expatriados, foram banidos diferem bem dos tredos, os que traem – que a esses se tem a infortuna de não conhecerem valores já que de per si se valem, e se dão conta na perempção de suas arr