Máscara
PMNT
Antigamente, pode-se saber; os rufiões – os caras que gostavam de briga. Bem, eles ao menos usavam algo que os identificava. Alguém os visse em direção sabia de quem se tratavam. E assim com os larápios. Uns sujeitos que tiravam os meles dos lares. Devia ser tempo de falta de açúcar. Os encanecidos também eram sabidos, porque se reconhecia neles a figura de cães que, na adulação diária escondiam os dentes ou sorriam caninos de seus covis. Também se lembra bem dos desalmados, eram seres que perderam a seriedade, eram apenas seriais provenientes do ostracismo, abjurantes, aqueles que foram soldados - um de trás de outros em marchas lentas e que abandonaram suas fardas.
Os mais nos perdem da memória seriam os proscritos, os expulsos, renegados e esconjurados, a esses expatriados, foram banidos diferem bem dos tredos, os que traem – que a esses se tem a infortuna de não conhecerem valores já que de per si se valem, e se dão conta na perempção de suas arrogâncias individualistas. Pessoas assim grassam, são tipo rizomático e unidos na mesma territorialidade egoica de serem auto-suficientes, enlouquecidos de ignorância.
Agora, vamos lá, os trapaceiros, os chamados pérfidos, desleais são antinomias dos traidores, porque usar de trapas, engenharias para subverter interesses não são exatamente tais quais. Nesse caso, diferente daqueles, são aleivosos – parece escorrer da boca uma baba fina, os olhos perscrutam como se adiantassem aos ouvidos um entendimento de oportunidade aguardada. O sujeito malandro – homem mal – carrega com isso o que se lhe representa.
Os desleais já estão em conta daquilo que não seguem a lei. E não uma só das normativas, mas daquelas da vivência comunitária. A mais difícil. A ordem subleva-se de uma vez por todas sobre. Não subsiste afano, furto em estruturas muito cuidadas. Àqueles pés-de-pano, surripiadores, de mão-leve que são catadores do alheiro no pequeno rescaldo. Esses que irritantes por serem da presença a menos valia escrita na sua debilidade humana são gente de canto, dos sombreados, cujo final é contrariamente ao que se diz, querem a punição deslavada do que fazem, como se maneira de superar a pequenez do ato fosse reconhecidos como aqueles que. Esconde nisso covardia à aparência, ao surgimento de que se é e se pudesse dar por conta. Parece também, e no mesmo sentido de na surpresa tão abrupta possível que se lhes ocorresse fossem purgados. Haveria, por assim, a catarse, jeito de nirvana, ascensão na apresentação da própria miserabilidade fugidia. Covardia de ser entre escondida na galhofa de tomar. O ladrão não. Esse deita o rio se ninguém fechar a comporta. Mas é um assunto mais calculado, não na agilidade somente do furtivo, mas na relação com a coisa e sua posse, um ter que é desmantelado fora, feito a dinheiro. A mercadoria é sua faina, como se colhesse. Tivesse plantado e viesse buscar a feira. O pequeno latrão é o mesmo no superlativo. Tem definição do espaço de entrada e saída. No latrocínio está possuído, não por descoberta, mas ao crime, a invídia que carrega na arma e na ação criminosa assassina. Como todos sabem, a palavra assassino é surgida no Marco Polo, e em Mil e Uma Noites. Confundida, a etimologia do haxixe cerca o assassino. O soldado não é assassino – mas mata. O que teme, nem sempre é covarde porque na covardia o temor faz a ação, não o medo. Diferente acontece com o temor dos que estão em uma posição de força, de poder. Daí sim, surge o temerário que é o medroso e o assassino casados que atentam contra a vida. O pirata, por exemplo, como mesmo diz, é um louco de fragata, percorre os mares nas distancia de quem em terra não os vê – nem religiões, comunidades, leis, ordens, prescrições, exigências, normas, nada os alcança. Daí pode piratear, se passar nos direitos. O pirata age como queira a sua trupe de flibusteiros. Os que carregam as armas. São mais interessantes os bocaneros e corsários. O primeiros vêm da escócia, da Irlanda contra as exigências régias da velha Inglaterra de levar o que quer que seja de bens e penhora à coroa. Os corsários, como a corsa, são realmente obedientes – em certa medida -, à rainha e cumprem a pilhagem. Mas isso, não se importando ao tempo, mas ao espaço indefinido, ao nada, ao lugar de ninguém, ao mar distante não controlado, e entre céu e terra é ainda, por dizer que sempre o desolador e desalentador mapa do crime.
A máscara do ladrão foi aposentada. Ninguém mais pode usá-la no civilismo.
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